Estado da suficiência da vitamina D em mulheres sem sintomatologia urinária e com sintomatologia urinária

Abstract

A incontinência urinária em mulheres tem etiologia multifatorial e a deficiência da vitamina D pode coexistir associada a esta patologia. Objetivo: Determinar a prevalência de hipovitaminose D em mulheres sem e com sintomatologia urinária, descrevendo os fatores sócios demográficos e aspectos clínicos associados a sintomatologia urinária e os achados urodinâmicos das pacientes sintomáticas com e sem hipovitaminose D. Métodos: Trata-se de um estudo de corte transversal, com mulheres com e sem sintomas urinários, composto por 168 no total, com número igual entre eles, com idade entre 18 e 65 anos, entre dezembro de 2016 a fevereiro de 2017. A coleta de dados foi realizada por meio de anamnese contendo informações sócio demográficas e clínicas; questionários autoaplicáveis, preenchidos individualmente, no caso o ICIQ-SF, ICIQOAB, a dosagem sérica da vitamina D, e realização de estudo urodinâmico completo, e seus parâmetros internos. A normalidade da distribuição dos dados foi verificada através da estatística descritiva, analise gráfica e do teste Shapiro-Wilk. A avaliação da correlação entre os escores dos questionários ICIQ-SF e ICIQ-OAB foi feita por meio da Correlação de Spearman, assim como, a correlação destes com a idade, IMC e nível sérico da vitamina D. Para verificar a existência de associação entre as variáveis de interesse utilizamos o teste Qui-Quadrado ou teste Exato de Fisher quando variáveis categóricas e o teste de Mann-Whitney quando quantitativas. Resultados: A dosagem média sérica da vitamina D no grupo das mulheres sintomáticas foi menor do que nas assintomáticas, com valores séricos médios respectivos foram de 38,23 (± 12,42) e 44,15 (± 12,62) (p<0,001). A prevalência de hipovitaminose D foi de 9,5% no grupo das assintomáticas e de 31% no grupo das sintomáticas. Identificou-se a associação entre hipovitaminose D com escores mais alto do ICIQ-SF (p<0,003) e ICIQ-OAB (p<0,038). O valor sérico da vitamina D foi ajustado para idade (ρ 0,443 com p-valor <0,001) e IMC (ρ 0,387 com p-valor <0,001). Por meio de regressão logística univariada os vieses confundidores clínicos foram avaliados nos dois grupos, por meio de associação bruta, para: idade (Ods 3,84, p<0,004), hipoestrogenismo (Ods 4,38, p<0,001), gravidezes (Ods 4,08, p<0,003), episiotomia (Ods 4,80, p<0,001), histerectomia (Ods 4,38, p<0,001), e plastica vaginal (Ods 4,44, p<0,001), cistocele (Ods 3,69,p<0,006), IMC (Ods 4,51,p<0,001) e a deficiência de vitamina D representou neste estudo um fator potencializador. Internamente no grupo das pacientes sintomáticas, 65 (77%) que realizaram o estudo urodinâmico completo, ao dividir em dois subgrupos de suficiência de vitamina D e não suficiência, a presença de contração não inibida (15,9% / 28,6%, p-valor <0,321), hiperatividade detrusora (31,8% / 76,2%, p-valor < 0,001), aumento da sensibilidade vesical (11,4% / 85,7 %, p-valor < 0,001), presença de frouxidão vaginal (11,4% / 38,1%, p-valor < 0,001) foram mais prevalentes no grupo das sintomáticas com hipovitaminose D, mas o distúrbio de esvaziamento apesar também ter sido mais prevalente neste grupo (31,8% / 38,1%, p-valor < 0,001) não teve significância estatística. Conclusão: A deficiência de vitamina D é mais prevalente em mulheres com sintomatologia urinária e a suficiência da vitamina exerce um papel protetor para queixas urinárias.