Transtornos alimentares restritivos em pacientes após cirurgia bariátrica: uma revisão sistemática

Abstract

INTRODUÇÃO: Os transtornos alimentares podem ocorrer em pacientes pós cirurgia bariátrica. Dentre eles, estão os relacionados aos comportamentos compulsivos e restritivos. Porém, há poucos estudos que investigam a ocorrência tanto dos transtornos restritivos quanto dos comportamentos restritivos/compensatórios que podem persistir após a perda de peso promovida pela cirurgia, bem como associados ao medo do reganho de peso e à relação com sua imagem corpórea, consequências do próprio procedimento e às orientações médicas adotadas. OBJETIVO: Descrever a ocorrência de transtornos alimentares restritivos pós cirurgia bariátrica e buscar identificar quais os fatores/gatilhos que podem contribuir para a ocorrência destes em pacientes bariátricos. MÉTODOS: Revisão sistemática guiada pelo Prisma, utilizando as bases de dados Pubmed/MEDLINE, Scielo, The Cochrane Library, Embase, BVS e pesquisa manual. Foram incluídos estudos observacionais originais que abordassem os transtornos alimentares restritivos e/ou comportamentos restritivos/compulsórios em pacientes bariátricos. Foi utilizado o STROBE como método de avaliação de qualidade dos artigos, sendo incluídos aqueles com pontuação mínima de 70%. RESULTADOS: Dos 878 estudos encontrados, 4 foram incluídos no presente trabalho. Os comportamentos restritivos/compensatórios mais encontrados foram vômitos autoinduzidos e exercício físico excessivo com a intenção de controle do peso. Além disso, uso de laxante, saltar refeições e dieta restritiva foram verificados. Observou-se como fatores/gatilhos intolerância alimentar e atividade intestinal anormal pela própria cirurgia e incentivo de comportamentos mais reguladores pela equipe de saúde que são transformados em hábitos inadequados pelo paciente. CONCLUSÃO: Foi observada a ocorrência de comportamentos inadequados de compensação/restrição. Não foram identificados transtornos alimentares restritivos segundo os critérios do DSM-5. A lacuna identificada sugere, portanto, a necessidade de realização de mais estudos com metodologia acurada para identificação e avaliação desses transtornos restritivos conforme normas do DSM-5 bem como o acompanhamento apropriado desses pacientes.