Fatores associados ao autorrelato de esquecimento em idosos acompanhados por uma unidade de cuidados primários à saúde

Abstract

INTRODUÇÃO: Essa etapa do ciclo de vida pode ser marcada por efeitos deletérios funcionais, cognitivos e orgânicos que tornam os idosos mais suscetíveis a doenças, à fragilidade social e ao risco de acidentes, como as quedas. OBJETIVO: Identificar os fatores associados à queixa de comprometimento da memória em idosos acompanhados em uma unidade de cuidados primários. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal parte de uma coorte: “Perfil de fragilidade e fatores associados em pessoas idosas acompanhadas na atenção Primária à Saúde”. Em uma amostra acessível não probabilística foram incluídos homens e mulheres maiores de 65 anos que pertencem ao território que compõe a área de abrangência da unidade de saúde. Foram aplicadas duas ferramentas para coleta dos dados. A primeira foi o questionário contendo dados sociodemográficos, como idade, sexo, escolaridade, vida conjugal, ocupação, participação em atividades comunitárias, e dados clínicos, como número de comorbidades, uso de polifarmácia, autopercepção do estado de saúde, perda involuntária de fezes ou urina, problema de visão e audição, desanimo e tristeza. O outro instrumento aplicado foi o Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional – 20 (IVCF-20) / versão do profissional de saúde. Após a análise descritiva das variáveis, foram utilizados os testes de Mann-Whitney e o Qui-quadrado para análise das associações entre as variáveis testadas. Número do parecer consubstanciado do CEP: 3.254.953 em 09 de abril de 2019. RESULTADOS: A mediana da idade foi de 70 anos (64 – 75), com predomínio de mulheres (79,4%), sendo que 75 dos 102 idosos eram aposentados (73,5%) e 91 tinham controle de suas finanças (89,2%). Quanto à participação em atividades comunitárias, 44,4% dos indivíduos com relato de esquecimento responderam que participavam. Participantes com queixa de esquecimento responderam: ter múltiplas comorbidades (48,8%) e deixar de fazer compras (24,4%), ter queixas de problemas sensoriais de visão (6,6%) e audição (2,2%). Além disso, relataram autopercepção ruim ou regular do estado de saúde (46,6%), perda involuntária de urina e fezes (44,4%), desânimo e tristeza (35,5%), capacidade aeróbica e muscular reduzida (62,2%), deixar de realizar pequenos trabalhos (15,5%) ou de ter controle do próprio dinheiro (20%). CONCLUSÃO: Os fatores relacionados com maior frequência foram: autopercepção ruim e regular da saúde, incontinência urinaria e fecal, desanimo e tristeza, reduzida capacidade muscular e aeróbica, ter deixado de realizar pequenos trabalhos ou de ter controle financeiro e baixa participação em atividades comunitárias.