Efeito do acompanhamento multiprofissional no controle do excesso de peso e de comorbidades em mulheres portadoras de síndrome metabólica: uma coorte retrospectiva

Abstract

A síndrome metabólica é definida pela presença de obesidade central associada com dois ou mais critérios como hipertensão arterial, intolerância a glicose, hipertrigliceridemia ou baixos níveis de colesterol HDL. Essa condição está associada com o considerável aumento do risco cardiovascular e possui diversas repercussões negativas no contexto de saúde global. Estima-se que um quarto do planeta possua síndrome metabólica e o seu tratamento ainda é um desafio, sendo necessário um acompanhamento longitudinal e multiprofissional. Objetivo: Avaliar o efeito do acompanhamento multiprofissional na evolução clínica e laboratorial de mulheres com excesso de peso portadoras de síndrome metabólica. Desenho do estudo: Coorte retrospectiva Metodologia: 154 mulheres maiores de 18 anos com síndrome metabólica e acompanhadas por mais de um ano em ambulatório especializado para obesidade foram analisadas através de um banco de dados pré-existente através do programa Statistical Package for the Social Sciences – SPSS (Versão 14, SPSS Inc., Chicago, Illinois, USA). Foram analisadas variáveis clínicas e laboratoriais no início e no final do acompanhamento. Ainda, foram comparadas as variáveis entre pacientes que perderam e não perderam 5% do peso. Resultados: Quando comparadas entre o início e o final do estudo, as pacientes apresentaram um aumento da média de HDLc de 44,4±10,3 mg/dL para 49,2±11,3mg/dL (p=0,000), diminuição das médias de colesterol total de 200,9±43,8 mg/dL para 188,5±39,9mg/dL (p=0,002), de LDL-c 128,9±38,7mg/dL para 115,0±36,5mg/dL (p=0,000), diminuição das médias de pressão arterial sistólica de 145±25mmHg para 139±22mmHg (p=0,003) e diastólica de 89±12mmHg para 82±11mmHg (p=0,000). Quanto ao peso, circunferência abdominal, triglicerídeos, glicemia em jejum e hemoglobina glicada não foi observada uma diferença significativa. Ainda, ao final do estudo foram comparados os perfis metabólicos entre as pacientes que atingiram uma perda de peso significativa (>5%) e que não atingiram essa meta. Foi observado uma melhora metabólica acentuada no grupo que conseguiu perder peso sendo a média de triglicerídeos 27 mg/dL menor, a média de HDL 4,4 mg/dL maior e de LDL 20,9 mg/dL menor que o grupo que não atingiu perda de peso satisfatória. Conclusão: A perda de peso e redução da circunferência abdominal ainda são um desafio para o tratamento clínico multiprofissional. Cerca de 1/3 da população analisada atingiu a perda de peso satisfatória. Quando observados os perfis metabólicos, há uma melhora significativa nos perfis lipídicos e pressóricos. Essa melhora metabólica é acentuada pela perda de peso satisfatória.