Perfil epidemiológico de mulheres grávidas e puérperas com síndrome respiratória aguda grave por covid-19. Estado da bahia 2020-2022.

Abstract

Introdução: A pandemia da COVID-19, causada pelo Sars-CoV-2 mudou o modo de viver das sociedades. Existiam-se poucos relatos no início da pandemia sobre a gravidade desse vírus durante a gravidez e puerpério, o que deixou os obstetras em estado de alerta. Posteriormente, descobriu-se que a contaminação pelo Sars- CoV-2 durante a gestação passou a ser associada a morbidade materna grave e aos possíveis danos ao feto, como risco de parto prematuro e até morte do feto e da própria mãe. Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico de mulheres grávidas e puérperas com SARS por COVID- 19 na Bahia no período de 2020-2022. E secundariamente, descrever a distribuição temporal e espacial dos casos, as características: idade e raça/cor da pele, sintomatologia, comorbidades e evolução. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo com utilização de dados secundários, obtidos do Sistema de Informações sobre Gripe (SIVEP-GRIPE) alojados no site do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). As variáveis utilizadas foram: número de internações por ano, raça/cor da pele, sintomatologia, comorbidades e evolução, analisados segundo as suas frequências absolutas e distribuição percentual. A tendência temporal anual foi estimada através da Regressão linear Simples e a verificação de diferenças estatisticamente significante pelo qui quadrado de Pearson, considerando p<0,05 como estatisticamente significante. Para os óbitos ainda foi calculada a taxa e a razão de letalidade com IC (95%), quanto ao trimestre da gravidez e fase gravídico puerperal. Resultados: Foram identificadas 729 mulheres gravidas e puérperas, destas 565 eram gestantes e 164 puérperas. O maior percentual de casos ocorreu no ano de 2021, com 422 (57,9%). A maioria das gestantes estavam no 3º trimestre de gravidez, 351 (62,1%). A raça/cor da pele mais acometida tanto em gestantes como em puérperas foi a parda 478 (65,6%), residentes na sua maioria no Núcleo Regional de Saúde Leste 313 (42,9%). A faixa etária com maior número de casos foi entre 31-39 anos. As sintomatologias mais comuns foram tosse, dispneia e febre. Dentre as comorbidades as mais frequentes foram, nas gestantes cardiopatias, Diabetes mellitus e asma e nas puérperas cardiopatias, Diabetes mellitus e obesidade. A taxa de letalidade (39,07%) nas puérperas, foi 6,42 (4,26-9,68) vezes maior do que a das gestantes (6,09%). Também, a taxa de letalidade nas gestantes da faixa etária de 40 e mais (21,40%), foi 3,30 (1,23-8,33) vezes mais elevada, que daquelas com 13-21 anos (6,49%). Vale ressaltar que a maior taxa de letalidade (6,67%), verificada no 1º trimestre de gravidez, foi 1,19 (0,36-8,87) vezes maior que a do 3º trimestre (5,61%), estatisticamente significante. Conclusões: Uma das apresentações mais graves da COVID-19 a SARS causou um forte impacto na saúde das mulheres do ciclo gravídico puerperal. Atenção especial deve ser dispensado a este grupo populacional, no sentido de implementar medidas de prevenção não farmacológicas e priorização de vacinação contra COVID-19. Além da disponibilização de consultas pré e pós natal de rotina, diagnóstico precoce dos casos suspeitos e tratamento oportuno e eficiente dos confirmados.