A prevalência de psicose na doença de parkinson

Abstract

INTRODUÇÃO: A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum do mundo e, embora seja popularmente conhecida pelos seus sintomas motores, abrange uma variedade de sintomas não motores, como a psicose. Porém, as estimativas da prevalência de psicose variam amplamente na literatura devido às diferenças metodológicas entre os estudos, falta de consenso na sua definição, amostras variáveis, período e local de avaliação e uso de medicamentos que gerem psicose como efeito colateral. OBJETIVO: Descrever a prevalência de psicose em pacientes com DP, bem como avaliar seus perfis clínico e sociodemográfico. METODOLOGIA: Estudo de caráter descritivo e corte transversal, baseado em coleta primária e secundária de dados a partir de amostra por conveniência dos pacientes do Ambulatório de Transtornos do Movimento e Doença de Parkinson do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS). Os critérios de inclusão exigiam ser maior de idade e ter diagnóstico de DP pelo critério do United Kingdom Parkinson’s Disease Society Brain Bank. Foram excluídos pacientes que não aceitaram participar do estudo, com parkinsonismo secundário, afasia, história de múltiplos traumas cranioencefálicos e pacientes com outros transtornos do movimento ou doenças neuropsiquiátricas que atuassem como fator de confusão. A coleta foi realizada a partir da aplicação de escalas validadas, mediante aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do HGRS e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelo paciente ou por seu responsável. RESULTADOS: A amostra constou com 57 pacientes. A média de idade foi 66,6±10,51 anos, em sua maioria do sexo masculino (57,9%), autodeclarados pardos (48,2%) e pretos (30,4%). A duração média da doença de Parkinson foi de 10,47±5,35 anos e a média de idade do início dos sintomas foi 56,25±1,35 anos. A mediana do escore do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) foi 26 (IIQ 22-29), com 57,9% da amostra apresentando declínio cognitivo pelas definições da escala. A comorbidade mais frequente foi a Hipertensão Arterial Sistêmica (45,6%). 96,5% dos pacientes estavam em levodopaterapia e a média da dose diária equivalente de Levodopa foi de 944,49±495,31mg. A prevalência de psicose nos pacientes com doença de Parkinson na amostra estudada foi de 21,1% (n = 12), baseando-se no critério criado pelo National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS) e National Institute of Mental Health (NIMH). O sintoma psicótico mais prevalente foi a falsa sensação de presença, ocorrendo em 75% dos pacientes com psicose. CONCLUSÃO: O presente estudo demonstrou uma prevalência de psicose em pacientes com DP condizente com a literatura científica disponível. É imprescindível que a comunidade científica expanda o conhecimento deste e de outros sintomas não motores, elucidando suas fisiopatologias e manejo.