Ensino dos cuidados paliativos nos cursos de medicina do brasil uma revisão sistemática

Abstract

INTRODUÇÃO: O Cuidado Paliativo (CP) é uma abordagem que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos pacientes (adultos e crianças) e de suas famílias que enfrentam problemas que ameaçam a vida. O modelo tecnicista e protocolizado de formação médica, constantemente, se opõe à formação humanizada dos CP, que é uma área em ascensão, com ensino incipiente no Brasil. OBJETIVOS: Identificar e levantar a produção de estudos acerca do ensino de Cuidados Paliativos nos cursos de medicina do Brasil. Avaliar a percepção dos estudantes acerca do ensino de Cuidados Paliativos, e temas intimamente relacionados em suas instituições de ensino superior. METODOLOGIA: Trata-se de uma Revisão Sistemática que foi realizada nas bases de dados do PubMed, Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde (LILACS, IBECS e MEDLINE). Foram incluídos estudos qualitativos e/ou transversais que abordem o ensino dos cuidados paliativos nos cursos de medicina do Brasil, publicados nos últimos 10 anos. RESULTADOS: Dos 448 artigos encontrados, cinco artigos foram incluídos na presente Revisão Sistemática. Ao total quatrocentos e sessenta e nove estudantes participaram das pesquisas, sendo eles de quatro regiões do Brasil (exceto Região Norte), com predomínio do gênero feminino (54%). Todos tiveram como princípio um questionário sociodemográfico e, em seguida, avaliaram a percepção e/ou conhecimento dos estudantes acerca do processo de ensino-aprendizagem dos CP e temas intimamente ligados, como terminalidade e manejo da dor. DISCUSSÃO: Frente aos estudos incluídos nesta revisão sistemática, por ser uma temática pouco abordada durante a graduação no Brasil, a produção de estudos acerca dos cuidados paliativos encontra-se incipiente, resultando em um ensino e conhecimento de cuidados paliativos deficitário. Os participantes identificaram a necessidade de uma melhor abordagem do tema, pela sua importância na prática, visto a presença do sofrimento e dor inerente à realidade médica. A quebra de tabu sobre a morte e o morrer, o reconhecimento da finitude da vida, o melhor manejo da dor e o aprimoramento do ensino-aprendizado foram pontos elencados pelos estudantes a serem alcançados. Como limitações, foi identificado uma diferença na regionalização, com maior número de estudantes da região Centro-Oeste, além da desigualdade na distribuição de períodos da graduação, prevalecendo participantes da segunda metade do curso. CONCLUSÃO: Sendo uma abordagem integrada do cuidado, o ensino-aprendizagem dos CP é necessário na formação de futuros profissionais capazes de identificar e intervir no sofrimento e dor de seus pacientes. Portanto, mais pesquisas são necessárias para continuar levantando dados sobre a produção de estudos acerca do ensino de cuidados paliativos nos cursos de medicina do Brasil, e avaliando, por meio da perspectiva dos acadêmicos, o conhecimento dos cuidados paliativos durante a graduação.