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Título: Associações entre alterações cognitivas e percepção de qualidade de vida em pessoas com esquizofrenia
Autor(es): BOA SORTE, Ney
CASTRO, Martha Moreira Cavalcante
SILVA, Sylvia Maria Barreto da
LOPES, Josiane Mota
PALMA, Emanuel Missias Silva
SIQUARA, Gustavo Marcelino
FERNANDES, Rafael Leite
Palavras-chave: Esquizofrenia
Cognição
Qualidade de vida
Data do documento: 2022
Editor: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Resumo: A esquizofrenia é um transtorno grave e persistente, o qual acarreta, além de desordens afetivas e sociais, diferentes consequências no âmbito cognitivo. Especificamente, déficits na memória, atenção e funções executivas têm sido influentes na percepção da qualidade de vida e parecem reverberar nos tratamentos. Considerando que os estudos disponíveis na literatura apresentam resultados muito variados e pouco consistentes, ampliar as análises acerca da correlação torna-se necessário. Neste sentido, nesta pesquisa objetivou-se avaliar se existe associação entre a presença de déficits cognitivos e a redução da percepção de qualidade de vida em indivíduos com esquizofrenia. Trata-se de um estudo transversal, com coleta realizada entre janeiro e dezembro de 2018, cujo desfecho principal de interesse foi a performance cognitiva em três domínios - atenção, memória e habilidades visuoconstrutivas. A exposição principal correspondeu a qualidade de vida em quatro domínios – físico, psicológico, social e meio ambiente. As outras exposições estudadas (co-variáveis) foram sexo, idade, escolaridade, estado civil, raça/cor, ocupação, idade do diagnóstico, tempo de diagnóstico, número de internações e tipo de neurolépticos em uso. O estudo foi desenvolvido na Clínica APICE (Assistência Psiquiátrica Integral e Centro de Estudos), sendo incluídos indivíduos entre 18 e 60 anos, de ambos os gêneros, com, no mínimo, 1º grau completo, diagnóstico de esquizofrenia conforme os critérios da CID-10 e que não apresentassem histórico de outras patologias que afetassem o sistema nervoso central. Foram excluídos aqueles que apresentaram quociente intelectual abaixo de 70 na avaliação inicial. A amostra foi de conveniência e composta por 62 indivíduos e a avaliação foi realizada por 5 pesquisadores a partir dos seguintes instrumentos: questionário sociodemográfico, subtestes Dígitos e Cubos da Escala Wechsler de Inteligência para Adultos (WAIS-III), Figuras Complexa de Rey-Osterrieth (FCRO), Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT), Teste Trilhas Coloridas (TTC) e versão em português do Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida Abreviado da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL – bref). Para análises estatísticas, utilizou-se frequências absolutas e relativas para descrição das variáveis categóricas e médias (desvio-padrão) para as quantitativas, o teste t para amostras independentes (ou o teste não-paramétrico de MannWhitney, quando pertinente), o teste do qui quadrado ou o teste exato de Fisher, quando indicado, bem como a correlação de Pearson. Valores de erro tipo 1 abaixo de 5% foram considerados significantes (P<0,05). O pacote estatístico Stata®, versão 13.0 foi utilizado para as análises propostas. Os resultados indicam notória ocorrência de dificuldades relacionadas aos processos mnemônicos, atentivos e visuoconstrutivos em pessoas com esquizofrenia. Adicionalmente, dentre os fatores sociodemográficos, diagnóstico e terapêuticos estudados, a menor escolaridade se associou a maiores déficits nos processos de aprendizagem, evocação e reconhecimento da memória episódica e memória operacional. Já o maior tempo de doença e a idade mais precoce de diagnóstico foram associados a maior frequência de déficits atencionais, processos fundamentais para o aprendizado e desenvolvimento funcional. Conseguinte, importantes associações entre a ocorrência da doença e a o rebaixamento da percepção da qualidade de vida nesta população também foram descritas, com destaque para a pior percepção da qualidade de vida entre mulheres, pessoas sem companheiro(a) e que possuíam fonte de renda estável. Em contrapartida, uma melhor avaliação foi identificada entre pacientes que fazem uso de neurolépticos de longa ação em detrimento dos que utilizam medicações orais. Ademais, observou-se associações negativas entre a QV, a capacidade de aprendizado, o índice de esquecimento e a capacidade atentiva. Estes dados indicam a necessidade da inserção de programas de estimulação cognitiva no tratamento da esquizofrenia, reforçam a necessidade de planos terapêuticos que incluam estratégias de promoção de qualidade de vida e fomentam a importância de se considerar estes desfechos na análise da efetividade dos tratamentos em saúde mental.
URI: https://repositorio.bahiana.edu.br:8443/jspui/handle/bahiana/7694
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